Samba
Do poeta eu tenho só o sono de manhã
Nada de samba ou amor até mais tarde
Do sambista eu só tenho o chapéu
A morena e a ginga esqueci no papel
Mas é quando você passa por mim
Que o batuque do samba ruge no meu peito
O coração fica ritmado e obediente
Não ao ritmista da escola mas ao teu olhar sorridente
Ainda não sei se o sangue corre devagar
Ou se começa a passear lentamente
Mas o samba nos teus pés faz parar
O giro do mundo que fica dormente
Quando você samba é quando eu mais desejo
Ser o pandeiro que reverencia a passista
Ser o mestre sala que a porta-bandeira rodopia
Ser o sambista que canta o que escrevo
Esses versos não deveriam nunca se acabar
Enquanto a música nos teus pés tocar
Porque o samba, menina, te flutua no ar
Como eu flutuo quando te vejo sambar